segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Não Posso Amar O Destino

O salgado escrevia entre a solidão de janeiro, entre os barcos que chegavam da ausência, atravessava assim o silêncio salgado das sílabas que já durava há vários meses, procurava nas palavras as pegadas das aves, recordava  um nome de laranjeira junto ao mar, eram os seus olhos os ventos navegáveis das palavras eram os seus lábios as muralhas das manhãs. O primeiro poema cresceu, ganhou forma, foi relido e rescrito, ficou a levedar no computador e na manhã seguinte Salgado deu por concluído o primeiro poema de um sonho:

Abre a janela devagar como se abre a manhã
faz do canto dos pássaros o respirar verde da serra
e do voo alegre das andorinhas o brilho azul do rio
abre a janela devagar como se abre a manhã
faz da palavra um lugar de encontro
e da poesia o tua casa interior
abre a janela devagar como se abre a manhã

e respira profundamente como quem ama .

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