quinta-feira, 10 de março de 2011

O Sal das Sílabas



II

Homem do mar de Setúbal,
ficas parado no olhar do rio...
nesse silêncio azul habitado por dentro,
nessa saudade salgada de memórias vivas.


Observas o sal (líquido) das sílabas,
o decifrar dos ventos no voo das gaivotas,
escutas o grito branco das ânforas,
a alma azul do pensamento
adormecida no coração das águas.

Homem do mar de Setúbal,
herói tantas vezes ignorado
que trazes um verso de sal entre as tuas mãos,
um rosto marcado pelo rumor das ondas,
uma palavra liberta no aceso navegar do mundo.

O teu silêncio é o olhar que vê
a raiz (inatingível) das marés vazias,
o coração oceânico do leito do rio
abandonado ao aroma das algas.

Homem do mar de Setúbal,
o teu destino irrompe desse azul interior
com palavras de vida,
amas e sonhas ao ritmo incandescente
da (imprevisível) luz.

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